CANETADA nº 153 – 24 de abril de 2025
por Bernardo Fellipe Seixas
Estreia, dobradinha e recado
O prefeito Guilherme Gonçalves (Podemos) apareceu em vídeo parabenizando o vereador Furna (MDB) por ações contra a dengue. A gravação foi publicada no perfil do próprio parlamentar, em conjunto com Gabriel Ferreirinha — filho do ex-prefeito Dr. Ferreirinha — e pelo “jornalourinhos”, página de pseudo-jornalismo que serve de palanque eletrônico para o prefeito e de catapulta contra adversários.
Curioso que, após mais de 100 dias no cargo, Gonçalves tenha escolhido Furna — braço-direito de Lucas Pocay por quatro anos — para sua primeira aparição em dobradinha com um vereador. Alguém aí duvida que foi um gesto com endereço certo?
Mosquitos e números
Ourinhos já soma sete mortes por dengue desde janeiro. A média de idade das vítimas é 54 anos. Segundo o último boletim da Secretaria de Saúde, são 2.715 casos confirmados no município. A prefeitura tem intensificado ações de limpeza de terrenos e casas abandonadas, utilizando até drones para monitorar locais de difícil acesso.
Disputa vermelha
O fim de semana promete agito nos bastidores do PT ourinhense. Termina na segunda-feira (28) o prazo para inscrição de chapas que disputarão a presidência do diretório municipal. De um lado, Andrei Campos representa o grupo alinhado ao ex-vereador Toninho do PT, que já amarga seguidos reveses nas urnas. Do outro, Junio Farias lidera a ala oposicionista, com apoio de Viviane Barros — ex-secretária nas gestões de Lucas Pocay e hoje assessora da deputada estadual Thainara Faria.
Embora o partido conte com quase mil filiados na cidade, o desempenho pífio de Toninho na última eleição — com menos votos que vários vereadores — acendeu o alerta. Mesmo assim, ele deve surgir como vice de Andrei, numa manobra que tenta vender “renovação” com a cara de sempre. Já Viviane é cotada como vice na chapa de Junio, que tenta reposicionar o partido longe das velhas alianças.
CRM: Cadastro de Reclamações Mal-Intencionadas
Nas entrelinhas da gestão Guilherme Gonçalves, brotou um novo protocolo não-oficial: o CRM — Cadastro de Reclamações Mal-Intencionadas. A lógica é perversa e seletiva: antes de enfrentar qualquer problema apontado pela população, a prefeitura parece se preocupar mais em investigar a filiação política do reclamante do que em resolver a situação.
Se o cidadão tiver algum grau de parentesco com ex-comissionados de Pocay ou desafetos da atual gestão, o caso vai direto pro arquivo morto. A denúncia perde valor e o problema — seja mato alto, buraco no asfalto ou infiltração em escola — segue firme e impune.
A ironia? Enquanto desqualifica queixas de opositores, Guilherme nomeia aliados do ex-prefeito Pocay como se distribuísse pão na praça. Ou seja: se o seu parente entrou, tudo bem. Se saiu e virou oposição, não importa o problema — silêncio e poeira.
Multas & Memórias
Perfis ligados ao ex-prefeito Lucas Pocay resolveram criticar a avalanche de multas da atual administração, apelidando-a de “gestão das multas”.
Curiosamente, o mesmo grupo ignorou o caos do trânsito durante os oito anos em que comandou a cidade. O Jornal Biz cobra campanhas educativas, publicamente, desde 2018, mas o som que se ouve nas ruas ainda é o dos ensurdecedores escapamentos irregulares — de motos, carros e até bicicletas tunadas.
Sexta-feira de…
Na Sexta-feira Santa, enquanto boa parte dos cristãos refletia sobre o calvário de Jesus Cristo, o prefeito Guilherme gravou vídeo usando como cenário a traseira de um caminhão de lixo, para exaltar o trabalho dos coletores.
Disse que ‘não esquecia suas origens’. Pena que o roteiro misturou fé com populismo reciclado — e o resultado foi um vídeo com cheiro de oportunismo.
Silêncio sepulcral
Recém-assumido como evangélico, Guilherme Gonçalves silenciou diante da morte do Papa Francisco — líder da Igreja Católica, símbolo de humildade e defensor dos pobres. Não foi esquecimento. Foi cálculo político: evitar atritos com a ala mais radical de seu eleitorado.
Retaliação com endereço certo
Leandro Moraes, primeiro secretário a pular do barco de Guilherme, publicou denúncia de perseguição política contra uma servidora.
O nome ele não disse, mas os comentários entregaram tudo: o caso circula em várias secretarias. Moraes lembrou que perseguir servidor é crime, e cobrou providências do prefeito.
Promessa esquecida?
Há mais de 10 anos, as retaliações por motivos políticos se tornaram comuns na prefeitura de Ourinhos. Durante a campanha eleitoral, Guilherme Gonçalves repetiu diversas vezes que, eleito, iria governar de forma diferente, e não iria permitir qualquer tipo de perseguição.
Frase da semana: “Quem é da luz não mostra sua religião, e sim seu amor”. (Papa Francisco)
DE OLHO NA CÂMARA
Cadê o povo?
Plenário quase vazio: só três pessoas assistem à sessão da Câmara. Já nas redes, sobra especialista em política. Todo mundo cobra, mas quase ninguém aparece quando é hora de debater de verdade.
A ‘guerra fria’ dos cargos
Num café na Câmara, dois vereadores descobriram que um colega emplacou o dobro de cargos comissionados na prefeitura. O clima azedou. O café, esfriou.
Mulher inspiradora
Raquel Spada (PSD) apresentou projeto que cria o Encontro Regional “Ourinhos por Elas – Neusa Fleury”, e a criação do Troféu Neusa Fleury para mulheres inspiradoras. Nome forte e justa homenagem. Clique aqui e saiba mais.
Centro Cultural: perigo real
O vereador Cícero Investigador (Republicanos) mostrou imagens alarmantes do Centro Cultural Tom Jobim, pedindo vistoria dos Bombeiros e Defesa Civil.
Santiago (Cidadania) e Gil (PL) apoiaram. Vadinho (Podemos) cutucou Pocay, atribuindo-lhe o abandono do espaço, e sugeriu que talvez seja hora de interditar o local.
Saúde
Borjão, Kita e Sargento Sérgio pedem que a prefeitura crie um Centro Especializado em Pediatria na UBS do Jardim São Luiz. Pedido sensato, que merece sair do papel — e não virar apenas legenda de foto.
Pede pra sair!
O vereador Kita (MDB) não mediu palavras ao criticar Maicon Cabral, secretário de Obras. Disse que a população cobra e a gestão faz ouvidos moucos. “Os pedidos que trago são do povo, não meus”, disparou, citando o estado lamentável das ruas do Jardim Matilde. Também reclamou da “carga horária flexível” de Cabral: “Só aparece depois do meio-dia na secretaria. Se não está dando conta, que peça pra sair”.
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