Catolicismo perde força em Ourinhos e região enquanto evangélicos avançam, indica Censo IBGE




por Bernardo Fellipe Seixas

Canitar é a única cidade com maioria evangélica, enquanto Ribeirão do Sul mantém 82% de fiéis católicos

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (6) os dados do Censo Demográfico 2022 sobre religião nos municípios brasileiros. Na região de Ourinhos, os números revelam um cenário em franca transformação: embora o catolicismo mantenha hegemonia, perde terreno para denominações evangélicas e para o crescimento de pessoas que se declaram sem religião.

A análise dos dados de sete cidades da região mostra contrastes marcantes entre o perfil da cidade-polo e municípios menores, evidenciando como fatores urbanos, demográficos e socioeconômicos influenciam as transformações religiosas locais.

Em 2010, o Censo IBGE de Ourinhos revelou uma distribuição religiosa com:67,57% católicos, 25,56% evangélicos, 3,76% sem religião, 1,02% espíritas e 2,16% outras religiosidades. 




Ourinhos: diversidade em crescimento

Como principal centro urbano regional, Ourinhos apresenta o perfil mais plural no Censo IBGE 2022:

  • 57,5% católicos – ligeiramente acima da média nacional (56,7%)
  • 31,42% evangélicos – em forte crescimento e superando a média nacional (26,9%)
  • 5,61% sem religião – abaixo da média nacional (9%), mas liderando regionalmente
  • 3,34% outras religiosidades – maior diversidade da região
  • 0,53% religiões afro-brasileiras – único município com presença significativa

Considerando a população do Censo 2022 (103.970 habitantes), Ourinhos tem 59.783 católicos, 32.667 evangélicos, 1.580 espíritas, 551 umbanda e candomblé, 5.833 sem religião, 3.473 outras religiosidades e 73 sem declaração. Há uma pequena diferença de 10 pessoas devido ao arredondamento, mas está dentro da margem de erro estatístico.

O perfil diversificado de Ourinhos reflete seu papel como centro econômico e de serviços, atraindo população heterogênea e favorecendo o pluralismo religioso.

Canitar: onde os evangélicos já são maioria

A menor cidade da região (6.283 habitantes) registra um fenômeno único: 45,81% da população é evangélica, superando os 42,84% de católicos – único município na região onde isso ocorre.

Com 7,41% de pessoas sem religião (próximo à média nacional), Canitar representa o epicentro das transformações religiosas regionais. Especialistas apontam que cidades menores e com indicadores socioeconômicos mais frágeis tendem a registrar mudanças mais aceleradas no cenário religioso.

Ribeirão do Sul: o reduto católico

No extremo oposto, Ribeirão do Sul (4.677 habitantes) mantém 82,65% de católicos – o maior percentual regional e quase 30 pontos acima da média nacional. Apenas 14,52% são evangélicos e 1,79% se declaram sem religião.

Três fatores explicam essa resistência às mudanças: baixa urbanização, que preserva práticas tradicionais; população envelhecida, já que jovens migram para centros maiores; e relativo isolamento geográfico, reduzindo a exposição a movimentos religiosos urbanos.

Panorama regional: os números por cidade

Maior presença católica:

  1. Ribeirão do Sul: 82,65%
  2. Santa Cruz do Rio Pardo: 73,36%
  3. Ipaussu: 63,14%
  4. Salto Grande: 61,62%
  5. Ourinhos: 57,5%

Forte presença evangélica:

  1. Canitar: 45,81%
  2. Chavantes: 35,57%
  3. Ourinhos: 31,42%
  4. Ipaussu: 28,88%
  5. Ribeirão do Sul: 14,52%
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Secularização em avanço:

  1. Canitar: 7,41%
  2. Ourinhos: 5,61%
  3. Santa Cruz do Rio Pardo: 2,18%
  4. Ribeirão do Sul: 1,79%

O que significa secularização?

A secularização refere-se ao processo pelo qual a religião perde influência nas instituições sociais (governo, educação) e na vida cotidiana. Manifesta-se através do aumento de pessoas sem religião, redução da frequência a cultos e separação mais clara entre religião e políticas públicas.

Na região, Canitar e Ourinhos lideram esse movimento, enquanto Santa Cruz do Rio Pardo e Ribeirão do Sul permanecem mais tradicionais.

Tendências consolidadas

Os dados do Censo 2022 confirmam quatro tendências na região de Ourinhos:

Catolicismo em recuo gradual – Embora ainda dominante, perde espaço principalmente nos centros urbanos maiores.

Crescimento evangélico concentrado – Expansão mais intensa em cidades menores e com perfil socioeconômico específico.

Avanço da secularização – Crescimento de pessoas sem religião, especialmente em áreas urbanas.

Diversificação religiosa – Ourinhos concentra a maior variedade de crenças, incluindo religiões afro-brasileiras e outras manifestações.

CURIOSIDADES

  1. Nenhuma cidade da região registrou religiosos de tradições indígenas.
  2. São Paulo (capital): 50,72% católicos, 23,17% evangélicos, 3,78% espíritas, 2,29% umbanda e candomblé, 6,31% sem religiosidade e 13,49% sem religião.
  3. Florianópolis, em Santa Catarina, tem 18,42% de pessoas sem religião, o maior índice entre as capitais brasileiras.
  4. Maior percentual de evangélicos é entre jovens: 31,6% tem entre 10 e 14 anos, e 28,9% tem de 15 a 19 anos.
  5. Quando se faz um recorte por cor ou raça entre os evangélicos: 49,1% são pardos, 38% são brancos, 12% são pretos, 0,7% são indígenas, 0,2% são amarelos.

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