Água cara e serviço ruim: A hipocrisia de vereadores de Ourinhos na venda da SAE

Reunião da CAR sobre a Ourinhos Saneamento. | Foto: TV Ourinhos

por Bernardo Fellipe Seixas

Vereadores com participação direta na venda da SAE agora tentam posar de heróis em Comissão da Câmara Municipal

A população de Ourinhos enfrenta um cenário de descontentamento generalizado desde que a Ourinhos Saneamento assumiu os serviços de abastecimento de água e coleta de esgoto. Tarifas abusivas, cobranças indevidas ou em duplicidade e serviços de qualidade questionável têm sido a realidade dos cidadãos. A situação, já crítica, ganhou novos contornos com a criação da Comissão de Assuntos Relevantes (CAR) na Câmara Municipal, presidida pelo vereador Santiago (Cidadania). No entanto, nem é preciso uma memória tão privilegiada para notar uma série de contradições e hipocrisias por parte dos parlamentares que hoje se colocam como defensores da população, mas que, no passado, foram cúmplices do processo de privatização.




Reunião da CAR e promessas de transparência

Na primeira reunião da CAR, realizada na manhã desta terça-feira (18), o vereador Santiago destacou a necessidade de investigar as inúmeras reclamações dos usuários dos serviços de água e esgoto. Entre os problemas citados estão cobranças abusivas, aumento exponencial das tarifas, demora no atendimento e falta de reparos nas vias públicas após escavações. Santiago afirmou que a concessão foi realizada “sem o aval e participação do Poder Legislativo”, uma declaração que, no mínimo, pode ser considerada enganosa.

Furna, Kita, Sargento Sérgio (MDB) e Eder Mota (PSB) também participaram da reunião, cada um destacando aspectos diferentes da crise. Furna ressaltou a importância de acompanhar os investimentos da concessionária, enquanto Kita defendeu a investigação de possíveis irregularidades na transferência do patrimônio da antiga SAE. Sargento Sérgio, por sua vez, enfatizou a necessidade de um canal de atendimento eficiente para a população.

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Contradições

Apesar do discurso de preocupação com a população, é impossível ignorar o fato de que Santiago, Sargento Sérgio e Eder Mota eram vereadores em 2017, quando o então prefeito Lucas Pocay (PSD) propôs a concessão, por 35 anos, dos serviços de água e esgoto. Na época, os três votaram a favor do projeto de lei que deu início ao processo de concessão. Agora, em 2025, eles se colocam como críticos da situação, como se não tivessem culpa direta na origem do problema.




A frase de Santiago de que a concessão foi realizada “sem o aval e participação do Poder Legislativo” soa como diálogo de novela ruim. A Câmara Municipal aprovou o projeto de lei que permitiu a privatização, e os próprios vereadores que hoje compõem a CAR foram parte ativa desse processo.

Em 2021 um novo capítulo da extinção da SAE: Com Santiago na presidência do legislativo, os vereadores aprovaram o projeto de Lucas Pocay que revogou a outorga à SAE da responsabilidade da coleta de lixo e limpeza da cidade. A criação da CAR no início de fevereiro, portanto, parece mais uma manobra política para limpar a imagem desses representantes do que um esforço genuíno para resolver os problemas da população.

PRIVATIZA QUE MELHORA?

A situação de Ourinhos serve como um alerta sobre os riscos da privatização de serviços essenciais sem a devida participação popular e transparência. Enquanto os vereadores buscam se redimir perante a opinião pública, os cidadãos continuam pagando caro por um serviço que deveria ser um direito básico. A pergunta que fica é: até quando a população terá que arcar com as consequências das decisões tomadas por aqueles que deveriam defendê-la?

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