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por Bernardo Fellipe Seixas
Caso é ainda mais emblemático por Spada ser a presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Mulher da Câmara de Ourinhos
Todos os vereadores ourinhenses, com exceção de Raquel Spada (PSD), assinaram uma moção proposta pela vereadora Roberta Stopa (PT) na sessão do dia 7 de fevereiro, de apoio a Camila da Silva Rosa. A moção apresentada por Roberta repudia a violência política de gênero contra Camila, que ocupa uma cadeira no Legislativo de Aparecida de Goiânia, em Goiás, e foi vítima de desrespeito e machismo, durante uma sessão realizada no início de fevereiro. Além de ser mulher, Raquel Spada ocupa o cargo de presidente de uma Frente Parlamentar que deveria defender exatamente o direito da mulheres, e se opor ao machismo e perseguição às mulheres na política.
Entenda o caso – Tudo começou com uma postagem da vereadora goiana nas redes sociais, onde o presidente da Câmara, Fortaleza, se sentiu ofendido. Na publicação, a vereadora escreveu que “as sessões da Câmara Municipal de Aparecida voltaram com tudo na manhã desta terça, 01. Usei meu espaço de fala para defender a importância da mulher na política e os direitos de todas as minorias que são rejeitadas e discriminadas na sociedade. Não toleramos mais preconceitos! Vou lutar até o fim pela igualdade e o respeito. O espaço político é de todos.”
O presidente leu o comentário da vereadora na sessão e afirmou que não era contra a “classe feminina”, mas era contra cotas. Camila rebateu que em momento algum disse que ele era contra cotas. “Se o senhor entendeu isso, a carapuça pode ter servido. O senhor sempre fala de caráter, transparência, parece que o senhor tem um problema com isso”, emendou.
Neste momento, ocorreu uma discussão entre o presidente da Casa e a vereadora que culminou na ordem de cortar o microfone de Camila. Como a vereadora continuou a falar, mesmo sem o som, Fortaleza emendou: “Se acha que fiz algo errado, vá na delegacia e registre um B.O.”
Depois de algum tempo o presidente ordenou que devolvessem a fala à vereadora, que estava chorando. “É isso que fazem com as mulheres na política. É por isso que precisamos procurar nossos direitos. Não é uma questão de correr atrás de cota. A política é um espaço machista. No início de nossa organização política, só participavam homens brancos e de alto poder aquisitivo. É necessário que nos espaços de poder estejam mulheres, negros, índios e pessoas da comunidade LGBT, que representam essas classes que sofrem a dor do preconceito”, afirmou Camila.
O caso ganhou repercussão nacional, e a Procuradoria Especial da Mulher do Senado Federal chegou a publicar nota de repúdio contra o que taxou de “violência política cometida pelo vereador André Fortaleza”.
Apesar de terem se omitido recentemente quando Roberta Stopa também foi vítima de violência de gênero, os vereadores ourinhenses se redimiram e assinaram em peso a Moção apresentada no mês passado. Em novembro do ano passado, a vereadora ourinhense foi bruscamente interrompida pelo procurador da Câmara, João Paulo Penha, enquanto discursava defendendo emendas propostas ao Plano Plurianual (PPA). O procurador não teve o uso da palavra autorizado, e o presidente da Câmara, Santiago Lucas (DEM), não interrompeu o seu discurso. Naquela ocasião, nenhum dos vereadores defendeu Roberta Stopa ou criticou a postura de Santiago, que agiu contra o Regimento Interno da Câmara.
Pior ainda do que a omissão dos vereadores é a postura da presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Mulher, que funciona no Legislativo de Ourinhos, vereadora Raquel Spada, a única a não assinar o documento em solidariedade a Camila Rosa. Pelo cargo que ocupa, a vereadora que deveria se opor ao machismo e perseguição às mulheres na política. Indagada pelo Jornal Biz para explicar o motivo para tal postura, Raquel não respondeu.
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