Prefeito Lucas Pocay silencia sobre denúncia de extorsão que envolve área nobre de Ourinhos

Uma denúncia feita à Polícia Federal pelo empresário Ricardo Xavier Simões no mês passado provocou tumulto no meio político, e rendeu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pela Câmara Municipal. Simões, que é proprietário da Delfim Verde Empreendimentos,  acusou Pedro Vinha Junior, ex-secretário de assuntos jurídicos da Prefeitura de Ourinhos, e o atual secretário de finanças Osvaldino Araújo Alves de tentar extorquir do empresário cinco terrenos em troca da aprovação de um processo de “dação”, que tramitava na Prefeitura. De acordo com a denúncia, que foi publicada pelo Jornal Debate em 24 de maio, os terrenos foram exigidos como “moeda de troca” para que o empresário Ricardo Xavier Simões pudesse regularizar seus débitos na Prefeitura. Segundo ele, os terrenos seriam doados ao Prefeito Lucas Pocay (PSD), ao seu pai Claury Santos Alves da Silva e a uma outra pessoa. A Delfim Verde é responsável pela implantação dos principais condomínios de luxo de Ourinhos, como o Royal Park e Royal Garden, entre outros, e abriu processo de falência o ano passado.

Jornal Debate publicou a denúncia na edição de 24 de maio.

Com a publicação da denúncia, o prefeito Lucas, em um primeiro momento, voltou-se contra o jornal que havia publicado o caso, acusando-o de ser “maldoso, eleitoreiro e calunioso”, termos usados em um ofício encaminhado à Câmara Municipal, anexo à cópia do processo de “dação”. Segundo a Prefeitura, o processo foi extinto pelo fato da Delfim Verde não cumprir com o estipulado, que seria a entrega de um terreno em área nobre da cidade, como forma de quitação de tributos municipais.  Depois, o prefeito disse que possui um áudio que prova a sua inocência, mas não divulgou esse material, alegando que entregará à Polícia.  A CPI instalada pela Câmara Municipal para investigar a denúncia foi aprovada por unanimidade, e começa a trabalhar esta semana.

Desde a divulgação da denúncia, o prefeito afastou-se das redes sociais, onde diariamente postava mensagens elogiosas à própria administração, fazendo lives ou divulgando atividades ou projetos da Prefeitura. Nem mesmo o vídeo em que fez sua defesa foi postado em sua página no Facebook. Tudo isso em meio a um crescente aumento nos casos de contaminados pelo coronavírus, e a uma crise econômica que se vislumbra como séria, com o comércio fechado por mais de 60 dias.

Em vídeo “espalhado” somente por WhatsApp, Lucas sequer menciona a acusação de propina. | Imagem: captura de tela

Pocay voltou a utilizar as redes sociais neste final de semana, sem contudo apresentar versão clara ou objetiva para sua defesa. Pocay desvia o assunto para não dar explicações. Numa primeira manifestação, criticou o jornal que publicou a denúncia, usando o batido jargão de “denúncia eleitoreira”. Depois, encaminhou para a Câmara todo o processo de trata do acordo de “dação”, que é óbvio não cita a tentativa de extorsão.  Matéria publicada em um site no final de semana e compartilhada pela “tropa de choque” do prefeito nas redes sociais dispõe sobre um documento que trata do processo de falência da Delfim Verde, fazendo menção ao fato de que o processo de “dação” não havia sido concluído por “inércia” da empresa, que acabou pedindo falência. Nem uma palavra sobre a denúncia feita pelo empresário Ricardo Xavier Simões, que fala de tentativa de extorsão da qual o empresário se diz vítima.

Na edição do Debate do último domingo, o jornalista André Fleury Moraes aponta contradições nas declarações de Pocay, e em artigo na mesma edição chama o prefeito de mimado: “Ele gosta mesmo é de jornal que o intitule ‘o melhor prefeito da história de Ourinhos'”. Confira abaixo:

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