Encontro discute projeto de arborização da  Prefeitura e CPFL

Três mil árvores deverão ser cortadas. Para cada corte, a Prefeitura promete cinco novas mudas

Aconteceu ontem, dia 18, na Câmara, a Audiência Pública para discutir os projetos “Arborização segura” e “Arborizando Ourinhos”, lançados pela Prefeitura Municipal em parceria com a CPFL. A audiência foi solicitada pelos grupos ambientais ECO e Cidade Verde, e contou com participação de representantes da Unesp, Observatório Social, OAB e Prefeitura Municipal. Apesar de o projeto prever o corte de 3 mil árvores na cidade (411 dessas espécies são consideradas “de risco”), e da importância da discussão do tema, o promotor do meio Ambiente, Marcos Brandini, não esteve presente ao encontro. “A ausência do atual promotor do meio Ambiente, que não veio e nem se preocupou em enviar representante para esse debate, é um bom exemplo da atenção que as pautas de ecologia e meio ambiente recebem do judiciário em Ourinhos”, criticou a professora e escritora Neusa Fleury.

Para implantar ciclovia na rua Julio Mori, Prefeitura cortou árvores sadias.

O secretário municipal de Meio Ambiente e Agricultura, Maurício Amorosini, explicou sobre a parceria com a CPFL, que foi quem elaborou o diagnóstico das árvores existentes na cidade e apontou as que representariam riscos e precisariam ser erradicadas. O discurso do secretário mostrou os problemas que o plantio em área urbana pode acarretar, como dificuldades para acessibilidade, risco de quedas e outros acidentes. Ressaltou que o projeto deverá ser colocado em prática em etapas, e que para cada árvore erradicada a CPFL irá doar cinco espécies, ficando responsável pelo abate e concessão de novas mudas.

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“Quem está no lugar errado são os fios da rede elétrica, e não as árvores. A CPFL precisa iniciar o enterramento da fiação”, afirmou a Profa.  Dra. Maria Cristina Perusi, coordenadora do curso de Geografia da Unesp, acusando o secretário Maurício Amorosini de “demonizar” as árvores. Ela criticou o corte inicial de 411 espécies, sem que haja tempo hábil para o crescimento das mudas compensatórias, considerando  o projeto “radical” demais. “Precisa haver um meio termo. Estamos comprando o pacote apresentado pela CPFL, que é a principal beneficiada pelo corte das árvores”, disse. Maurício contestou, dizendo que é uma parceria que interessa às duas partes, e que o projeto “foi um presente” da CPFL para a Prefeitura.

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Num passado recente, duas mulheres morreram em consequência de enxurradas provocadas por fortes chuvas em Ourinhos.  “Uma única árvore adulta lança 400 litros de água na atmosfera. Sem essa cobertura que as árvores oferecem, os rios transbordam e podem acontecer mortes, como vimos há poucos anos”, lembrou a professora.

A falta de fiscalização também foi lembrada. “Não existe arborização ao lado dos córregos que foram canalizados. Essa medida era obrigatória como compensação ambiental, mas não foi feita”, afirmou o engenheiro florestal Rafael Cortez,  explicando que teme que o projeto de arborização proposto pela Prefeitura acabe não tendo a compensação ambiental prometida, como aconteceu com a canalização dos córregos. O engenheiro disse que, apesar de solicitar o projeto de arborização para a Prefeitura para que o grupo pudesse analisar, o pedido não foi atendido.

Rafael também denunciou o fato de que, para construir as ciclovias, diversas árvores foram erradicadas: “Não há necessidade de corte. É só desviar a pista e respeitar a natureza. Também existem muitos problemas com o plantio que é feito pela Prefeitura,  que provoca a morte de muitas espécies. Falta rega, adubação, colocação correta das estacas, a cova é pequena…”

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As ausência dos vereadores e do promotor do Meio Ambiente foram cobradas. Roberto Zanoni Carrasco, advogado do Observatório Social do Brasil, lamentou que os vereadores não se interessassem pelo assunto, que diz respeito a todos os moradores. No início da Sessão estavam presentes os vereadores Alexandre Zóio (PRB), Caio Lima (PSC), Carlinhos do Sindicato (PSB) e Sargento Sergio (PRB). Zóio e Caio foram embora assim que a sessão teve início.

“A Prefeitura não manifestou interesse em acatar nenhuma das sugestões”, lamentou Rafael Cortez, dizendo que projetos polêmicos e de impacto como esse deveriam ter um link disponível na internet para que pudesse ser conhecido pela população.  “O assunto não se esgotou nesse encontro. Precisamos ser ouvidos”, afirmou.

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