
por Bernardo Fellipe Seixas
Obras começam nesta segunda-feira (7) para reparar paredes, telhados, passarelas, instalar elevador e adequar acessibilidade. Espaço que já formou gerações de artistas opera com riscos pelo menos desde 2015.
O Centro Cultural Tom Jobim, principal equipamento público de formação artística de Ourinhos, inicia nesta segunda-feira (7) uma reforma estrutural urgente após anos de deterioração. Com investimento de R$ 2,28 milhões do Governo do Estado, a intervenção visa corrigir problemas críticos como infiltrações, telhados danificados e falta de acessibilidade — falhas que há anos colocam em risco alunos, professores e frequentadores. O mobiliário também está deteriorado, e a precariedade do local já comprometia o funcionamento pleno das atividades.
O contrato com a empresa responsável foi assinado na última quarta-feira (2), formalizando a execução do projeto pela Construtora Aquarius Ltda, vencedora da licitação homologada em 29 de novembro de 2024, ainda na gestão do ex-prefeito Lucas Pocay (PSD).
Histórico de problemas
Inaugurado em 2003, o Centro Cultural Tom Jobim acumula, há pelo menos uma década, problemas estruturais registrados em relatórios oficiais da Prefeitura de Ourinhos. Em 2022, um laudo técnico (Processo nº 045/2022-SECULT) listou rachaduras nas paredes, infiltrações no telhado e desníveis perigosos nas rampas de acesso.
Em 2023, a situação do prédio foi tema de reunião do Conselho Municipal de Cultura, mas nenhuma interdição foi decretada. A reforma agora em curso é a primeira grande intervenção desde a inauguração do espaço.

Reforma completa e ampliação
O anúncio oficial das obras ocorreu na semana passada, durante visita técnica com a presença do secretário de Cultura, Jeferson Bento, gestores das Escolas Municipais de Música e Bailado, professores, servidores públicos e representantes da construtora.

O projeto prevê a substituição integral do telhado, instalação de elevador, reforma das rampas de acesso, cobertura das áreas externas, banheiros acessíveis e ampliação das salas de aula. O objetivo é devolver dignidade, conforto e segurança ao local, que é referência na formação cultural em Ourinhos.
Com 2.130 m² distribuídos em três pavimentos, o Centro abriga a Escola Municipal de Música e a Escola de Bailado, oferecendo gratuitamente mais de 20 cursos para todas as idades. O espaço conta com 12 salas com isolamento acústico, biblioteca, auditório e o Teatro Elizabetano ao ar livre.
“Essa revitalização é uma prioridade da nossa gestão, é necessária e urgente. A cidade merece esse zelo, esse cuidado com o Centro Cultural”, afirmou o secretário Jeferson Bento.

Um espaço com história
A construção do Centro Cultural começou em 1994, durante o governo do então prefeito Claury Santos Alves da Silva, quando a área da Cultura ainda era vinculada à Secretaria de Educação. À frente da diretoria cultural estava a professora Neusa Fleury Moraes, que coordenava os trabalhos com uma equipe reduzida — apenas duas servidoras.
A obra ficou praticamente paralisada entre 1997 e 2000, e só foi retomada em 2002, já sob a administração de Claudemir Ozório Alves da Silva. Como prefeito, ele criou oficialmente a Secretaria Municipal de Cultura, e nomeou Neusa Fleury como sua primeira titular.
O espaço foi inaugurado em julho de 2003, durante a terceira edição do Festival de Música de Ourinhos, com a presença de Paulo Jobim, filho do maestro que dá nome ao Centro.

Legado e memória
Passados 21 anos, o prédio volta a receber a atenção que sempre mereceu. A promessa é que arte e cultura ganhem novo fôlego — desta vez, com estrutura à altura de sua importância simbólica e formativa para a cidade.
A reforma acontece em um momento particularmente simbólico: o Centro completará 22 anos de inauguração em julho, poucos meses após o falecimento da professora Neusa Fleury Moraes, em 18 de março. Ex-secretária de Cultura de Ourinhos com três prefeitos diferentes, e uma das idealizadoras do projeto original, Neusa foi a principal referência de gestão cultural no primeiro centenário (1918-2018) de Ourinhos. Seu compromisso com a formação artística e sua obstinada defesa da cultura pública moldaram não só o Centro Tom Jobim, mas toda uma geração de profissionais da arte na cidade.
Ela não estará fisicamente presente para ver o renascimento do espaço que ajudou a erguer, mas seu legado ecoará em cada nota, cada passo de dança e cada nova geração formada entre aquelas paredes que agora, enfim, voltam a respirar.
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