Reformas em praças reduzem áreas verdes na cidade

De boas intenções e muita publicidade a política está cheia. Quando o assunto é meio ambiente então, a coisa é ainda mais séria. Assim como outros temas relevantes, como saúde e educação, a questão ambiental é sempre uma prioridade nas agendas de campanhas eleitorais. Em Ourinhos, embora a Prefeitura realize eventos e palestras abordando o tema da preservação, na prática não é bem isso que acontece.

Temos grandes problemas para resolver, como o tratamento do esgoto e mudanças urgentes no aterro sanitário. São obras vultosas, que demandam grande investimento, e por esse motivo estão sendo “empurradas com a barriga” há diversas gestões.

Praça da Santa Casa: gramado deu lugar ao concreto

Porém, algumas intervenções a favor do meio ambiente consideradas de baixo custo também não são feitas, e chegam a afrontar a lógica que deveria nortear ações desse tipo. É o caso da reforma da Praça da Santa Casa que, semelhante ao que foi feito na Praça da Catedral, criou novas vagas para estacionamento de veículos, adentrando uma parte da praça e concretando ao redor.

Menos verde, mais concreto

Com isso, foi perdida uma grande área de terra que facilitava o escoamento da água da chuva. Como a praça fica em uma região alta da cidade, com deficiência de áreas verdes, a obra deve aumentar o volume de água que escorre para os bairros mais baixos, o que pode provocar alagamentos.

Existe uma forma simples de diminuir esse problema, que seria o emprego de piso ecológico, como o que foi colocado na Praça Mello Peixoto. Esse tipo de calçamento permite que a água da chuva seja absorvida, minimizando os danos e diminuindo os riscos.

Praça da ‘Matriz’: prefeitura aproveitou o piso nas novas vagas de estacionamento

Com o excessivo número de veículos circulando na área central da cidade, alguns munícipes elogiam o aumento do número de vagas proporcionado por essas reformas. Porém, muita gente percebe que a cidade está ficando cada vez mais inóspita, diminuindo suas áreas verdes e aumentando os espaços cimentados.

Reforma na praça da Santa Casa, em Ourinhos

Para o engenheiro agrônomo Rafael Cortez, a Praça da Santa Casa está sendo descaracterizada há anos. “Era um lugar charmoso, com postes de ferro, bancos de madeira e muitas árvores que foram sendo sacrificadas nos últimos anos”, lembra.

Árvore tem raiz danificada na obra da praça da Santa Casa

Rafael também lamenta a redução das áreas verdes na cidade, e diz que para realizar a reforma as raízes das árvores sofreram cortes para a implantação do piso de concreto. “Existe um prejuízo para a saúde dessas árvores, o que aumenta o risco de tombamento”.

Canteiro central da rua dos Expedicionários

O cimento vem sendo largamente utilizado pela prefeitura em outras intervenções urbanas, como é o caso do alargamento das calçadas para ampliação do espaço destinado aos pedestres, feitos na avenida Altino Arantes, Expedicionários e também na Praça da Santa Casa. Em todos esses lugares poderia ter sido utilizado um material ecológico, que ajudasse no escoamento da água, porém, isso não aconteceu.

Clínica médica tem garagem com parte do piso que permite absorção da água

Existe legislação municipal que estabelece normas para a construção de calçadas. É o Decreto 5651, de 29 de março de 2009, que estipula que o proprietário não deve concretar toda a área da calçada, deixando uma faixa para o escoamento da água, constituindo-se a chamada “calçada verde”.

Calçada de escola de idiomas privilegia área verde

Porém, apesar da legislação aprovada há oito anos, não existe fiscalização por parte da prefeitura, e cada proprietário faz do jeito que quer. Apesar disso, em muitas residências em Ourinhos os moradores cultivam pequenos jardins nas calçadas, que garantem a permeabilidade e embelezam as moradias.  Resta a prefeitura fazer a sua parte.

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