Expositores mais antigos comentam mudanças na Fapi

Comerciantes viajam por diversas feiras pelo Brasil usando trailers, onde cozinham e dormem

“Há trinta anos ninguém imaginava um japonês vendendo sorvetes. Os orientais costumavam estar à frente de tinturarias, vendendo pastéis ou trabalhando com fotografia”. Desta forma Rose Hamada justifica o nome “Giovanelli” da sua sorveteria, que expõe na Fapi há 28 anos seguidos.

Rose Hamada expõe na Fapi há 28 anos

O nome foi “emprestado” de uma família de amigos que tinha uma empresa que produzia equipamentos e produtos para sorvetes. “Só mudamos uma letrinha, eles são Giovanella, e nós, Giovanelli. Ficou sonoro e agradável, e deu sorte”.

Geraldo, da Selaria Minas Gerais, um veterano da Fapi

Geraldo Crespo de Freitas, da Selaria Minas Gerais, frequenta a Fapi há mais tempo ainda: 38 anos.  Nos primeiros tempos ele vinha com o pai, mineiro que aprendeu o ofício como curioso, fuçando e analisando peças prontas. Durante todo esse tempo o stand foi montado no mesmo local, próximo de onde funcionava a antiga Casa do Expositor. O cheiro inconfundível de couro e a beleza das peças chama a atenção de quem passa por ali.

Produção artesanal da Selaria Minas Gerais

A família tem uma selaria em Santo Antonio da Platina há 56 anos, a idade de Geraldo. Ali comercializam selas artesanais, arreios, botas, chapéus e mais uma variedade de produtos de couro. As selas e outras peças pequenas são produção própria, feitas pelos quatro funcionários da empresa, além da família.

O ofício de seleiro está desaparecendo. Quando era possível contratar menores de idade, íamos ensinando aos meninos e eles pegavam gosto. Agora, chegando para trabalhar depois dos 18, é muito mais difícil”, conta.

A família de descendentes japoneses proprietários dos Sorvetes Giovanelli tem o pé na estrada, mas reside em Bauru. Não possuem uma sorveteria fixa, e percorrem cidades onde existem feiras agropecuárias e festas de peão levando o sorvete tipo italiano. Rose Hamada diz que o diferencial de seu produto “é o amor”. No início trabalhavam com massa de sorvete servida em bolas. Porém, transportar e manusear os equipamentos era mais difícil. Aí acertaram com o sorvete italiano.

Há tantos anos no trecho, Rose e Geraldo têm hábitos comuns a quem se dedica a esse trabalho: Viajam com um trailer onde é possível cozinhar e dormir, e acabam fazendo muitos amigos por onde passam.

Porém, as transformações vividas pela Fapi não agradaram igualmente aos dois comerciantes. Para Rose Hamada, a feira progrediu muito, com a estrutura que foi sendo montada, que traz mais conforto para quem vai passear. Hoje os dois stands do Sorvetes Giovanelli ficam em área coberta, e a família não precisa montar as instalações, como acontecia nos primeiros anos.

Geraldo não vê as mudanças ocorridas com o mesmo otimismo: “A feira mudou muito. Depois da morte do seu Fernando Quagliato ficou mais difícil. Não tem mais mula em exposição, gado tem pouco… para o nosso tipo de negócio é importante que o evento tenha mais investimento na pecuária”, reclama, dizendo que apesar disso, ainda vendem bem outras peças como cintos e botas.

O pessoal da Sorveteria Giovanelli prefere expor em feiras agropecuárias, como a Fapi. “Tem mais famílias, as pessoas vêm passear e acabam consumindo”.Para os negócios da Selaria Minas Gerais, as festas de peão costumam ser mais rendosas que as agropecuárias: “Nessas festas vendemos muitas selas, arreios, material para montaria…”.

As transformações sociais dos últimos anos trouxeram problemas para a família proprietária da Selaria Minas Gerais. “Sentimos dificuldades com a falta de mão de obra e desvalorização de um trabalho artesanal único, como o nosso”, diz Geraldo. Mostra uma sela com um acabamento primoroso, e conta: “Uma peça dessas demora no mínimo 15 dias para ser feita. Não fazemos produção em série, nosso diferencial é a qualidade artesanal do produto”. Apesar do amor pelo ofício, ele lamenta que sua geração seja a última na família a se dedicar ao trabalho com o couro. “Nossos quatro funcionários estão quase se aposentando, e não deixamos seguidores”, lamenta.

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Apesar dos percalços, Geraldo conta animado que quer comemorar a aposentadoria no próximo ano, durante a Fapi. “Vou me aposentar em junho, mas pretendo continuar trabalhando e vindo para Ourinhos por muito tempo ainda”.

Os dois veteranos expositores da Fapi de Ourinhos concordam com os elogios à organização da feira e o carinho dos visitantes. “Tanto é bom, que continuamos vindo para Ourinhos por tantos anos seguidos”.

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